sábado, 23 de fevereiro de 2019

CONTOS DO DIA E DA NOITE

Contos do dia e da noite, de Guy de Maupassant. Uma obra espetacular! Histórias variadas que transitam nos limiares da comédia e do drama, mostrando ao leitor do que é composta a natureza humana e do que ela é capaz. 

Tenho uma predileção por contos. Como professor de literatura, sempre vi nos contos uma possibilidade de introduzir grandes autores na rotina escolar. Como são histórias curtas e ágeis, o aluno, que é também ágil, acaba por se interessar. São vários os relatos que já ouvi de alunos que, a partir de um conto, buscaram os romances de um autor. 

Assim, para quem também é adepto dos contos, essa coletânea tem uma variedade de textos que poderá tocar o leitor em pontos diversos. O autor, inclusive, deixa a critério do leitor, em um dos contos, a possibilidade de escolha do final!

É, sem dúvida um conjunto de textos que mexem com nossa imaginação e nos dão a real noção do que é a boa literatura.
Recomendadíssimo!
A todos, meus abraços!
Wagner Dias

O CORCUNDA DE NOTRE DAME

O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. Um clássico da literatura universal, este livro de Victor Hugo é uma viagem no tempo! Suas descrições minimalistas, colocam o leitor em estado pleno de imaginação e cada detalhe da imponente catedral de Notre-Dame, em Paris, pode ser visualizado. 

Com uma narrativa impecável, o autor une personagens e suas histórias particulares a um contexto visceral, harmônico e emocionante! Tudo se encaixa, tudo está perfeitamente arranjado nesse jogo narrativo que nos comove profundamente. 

Essa edição é especial: linda, com comentários, o que aumenta nosso desejo de conhecer a forma peculiar desse gênio da literatura que é Victor Hugo. Apesar de um romance longo, posso dizer que a leitura não é enfadonha. Pelo contrário, somos literalmente fisgados e o desejo de ler as páginas seguintes, se faz a cada frase, a cada parágrafo, a cada nova ação da trama! E haja ação! O leitor não tem tempo de pausa. Os eventos se sucedem com agilidade, dando ao texto a vida de que necessita para que nosso Quasímodo, personagem central da narrativa, seja apresentado em suas minúcias. É um personagem apaixonante! Mas confesso que há uma cabra na história que me encantou demais. Talvez devido ao meu amor pelos animais!

Sem sombra de dúvidas, para quem ama literatura, não é possível passar por este plano terreno sem ter contato com a obra de Victor Hugo.Leiam, O Corcunda de Notre Dame, e permitam-se uma viagem sensacional à França e ao que há de mais profundo no sentimento humano!

Meus abraços, 
Wagner Dias



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

ENCANTAMENTO DE VIVER

Encantamento de Viver, de Lúcia Vasconcelos. O título é sugestivo: o que é o encantamento de viver? O que provoca esse encantamento? Trata-se de algo que está dentro de nós, no mundo, nas coisas, nas pessoas? O que te encanta é o mesmo que me encanta? Por que algumas pessoas dizem não se sentirem encantadas pela vida? Por que outras vivem de modo encantado?

Essas são algumas das reflexões iniciais da obra, repleta de poesias e crônicas construídas com o material mais puro e mais sublime para um autor: a sensibilidade. Não se fala da vida e dos seus encantamentos se não houver sensibilidade para ver o mundo com olhos atentos e lentes diversas. 

Ao ler o livro, minha impressão inicial era que a autora queria nos tocar, fazer com que sentíssemos através de suas letras, exatamente o que sentira ao imaginar, relatar, descrever as passagens tão belas de uma vida. Ela conseguiu! Tive o privilégio de ser um dos primeiros leitores dessa obra que me encantou e, de algum modo, permitiu que eu também mostrasse aos leitores de Vasconcelos, minha forma encantada de viver. A autora me convidou, delicadamente, para fazer o prefácio, o qual redigi nos mesmos termos: sentindo cada palavra, vivenciando cada imagem, colocando-me como responsável por apresentar os encantamentos que me encantaram...

Encantamento de viver é um encanto! Doce, puro, maternal... É como ouvir histórias deitado no colo de mãe, sentindo cheiro de café e de bolo na cozinha! Trata-se daquelas sutilezas que a vida e seu passar ágil tentam nos impedir de perceber. E devemos estar atentos às minúcias: ser feliz, encantado com a vida independe de dinheiro, de posição social, de lugar. Encantar-se com a vida é um estado de espírito. Tem a ver com ser grato! Grato pela alegria, pela dor... afinal, ambas nos compõem! 

Que vocês possam ler e sentir essas sutilezas nas letras de Vasconcelos!
Recomendo a leitura!
A todos, o meu abraço!
Wagner Dias

O ENIGMA DO RETORNO


O enigma do retorno (L'énigme du retour), de Dany Laferrière. Trata-se de uma das leituras mais tocantes dos últimos meses. Laferrière nos leva a refletir sobre o que é pertencer, o que é estar no mundo. Como tenho um histórico meio nômade, pude pensar e me emocionar muito com a narrativa. O que é estar longe de casa, longe de amigos, de familiares? Com são esses reencontros e como nos vemos neles? Como é retornar às origens após desbravar cantos anteriormente desconhecidos? Porque nos exilamos, ou somos exilados? Quais os reais motivos, aqueles que ninguém conhece, a não ser nós mesmos. O que muda, o que se perpetua, como passamos a nos ver e a observar os comportamentos humanos, a cultura, a justiça...


A narrativa é, literalmente, uma viagem feita pelo autor que, de quebra, nos coloca na bagagem e nos permite sentir com ele todas as emoções de um retorno enigmático, o que faz jus ao título. O texto é fluido, mas mantém a velocidade serena, de quem observa, e detalha momentos. Posso dizer que é uma narrativa emocionante,  bem escrita e cumpre com aquilo que chamo de boa leitura: toca nossos corações, profundamente. Não é à toa que Dany Laferrière tem sido evidenciado como um dos mais importantes autores francófonos da atualidade. 

L'énigme du retour é mais que um livro, é uma viagem nos capítulos de uma vida e da nossa própria vida!
Altamente recomendado por mim!
A vocês, meus abraços,
Wagner Dias


ME CHAME PELO SEU NOME

Me chame pelo seu nome, de André Aciman. Cheguei a esta obra a partir dos inúmeros comentários sobre o filme. Sim, este livro foi roteirizado e filmado, sendo um dos grandes indicados ao Oscar 2018. Contudo, não assisti ao filme e nem comprei o livro, num primeiro momento. Durante uma viagem Canadá/Brasil, vi que o filme havia sido disponibilizado no voo. Fiquei curioso, mas preferi não assistir. No Brasil, acabei não comprando o livro e retornei ao Canadá, onde encontrei a obra em Inglês e Francês. Li a versão em Francês, para treinar o idioma e ao mesmo tempo conhecer o texto. 
Depois de toda a espera, entendi porque tamanho vulto dado à obra. 

Primeiramente o livro toca num tema polêmico: o amor entre pessoas do mesmo sexo. Infelizmente em muitos lugares do mundo este tema é tabu, fruto de sociedades arcaicas, dominadas pela religião, o que acaba por gerar preconceito e todos os dilemas que, cotidianamente invadem os noticiários. 

Minhas impressões: leitura leve, rápida e agradável. O texto é simples e a mensagem é direta. É um livro que fala sobre o amor, das dificuldades e dos mistérios de vivê-lo. O autor conduz bem os capítulos e instiga o leitor a querer saber mais sobre os personagens nos capítulos seguintes. E, pouco a pouco, somos hipnotizados pela história e começamos a desenhar os finais possíveis. A temática é atualíssima, e necessária, diga-se de passagem. Sem querer levantar bandeiras, ou fazer apologias, sou adepto da liberdade. E é essa liberdade que deve guiar nossas condutas. Que saibamos respeitar o próximo e suas decisões, assim como desejamos que nossas decisões sejam respeitadas. Ao meu ver é simples. Mas há quem complique!

No mais, Me chame pelo seu nome é poético, repleto de imagens, de metáforas que dão à obra o contorno definitivo, terno e sensível. É uma obra que emociona. E se emociona, é uma boa obra! 
Vale a pena a leitura!

A vocês, meus abraços,
Wagner Dias