segunda-feira, 27 de maio de 2019

O SENHOR DAS MOSCAS


O senhor das moscas, de William Golding. Cheguei a este livro a partir de um programa sobre literatura veiculado por um canal cultulral brasileiro: Super Libris (Tv Sesc), disponível no Youtube. Eu assistia a uma entrevista com a escritora Ana Maria Machado e em uma das janelas do programa, fui apresentado ao livro. Apesar de ter formação em literatura de língua inglesa, eu ainda não havia tido contato com as obras de Golding! 

Contudo, sempre é tempo! Assistindo ao programa acima referido, senti um impulso de curiosidade pela obra e busquei o livro. No início imaginei ser mais uma história de aventura para jovens. Após as primeiras páginas eu já estava completamente envolvido pela narrativa. Esse envolvimento aumentou a cada página, revelando-me a riqueza deste texto, das artimanhas do autor, no bom sentido, conquistando a atenção do leitor e apresentando-lhe o que é o ser humano.

É isso! Trata-se de uma obra que retrata o ser humano em profundidade. O homem que se divide entre razão, emoção, instinto. É possível que o homem haja apenas por instintos, que se animalize? O que leva o homem a este estado de descontrole? Estamos livres disso? Poderemos em algum momento da vida agir de tal modo?

Essas são algumas das interrogações que as entrelinhas propõem. A minha grande surpresa foi perceber que, ao ler o livro, eu pude experimentar meu lado instintivo, animal, sem riscos físicos. Isso mexeu profundamente com minhas emoções e me deu a dimensão exata do que é a boa literatura. O livro fez com que eu me perdesse de mim, de minha sanidade, de minha sobriedade... Impressionante e difícil de explicar! Não sei se o mesmo efeito se passará com outros leitores. 

Sobre o texto, posso dizer que se trata de um texto simples, de fácil compreensão, não exigindo grandes esforços por parte do leitor. No entanto, não confundamos o simples com simplista! A obra é profunda e, eu diria, fundamental. 

Permita-se entrar em contato consigo mesmo através das palavras de Golding! O senhor das moscas é um livro que não pode deixar de ser lido! Não pode!

Recomendadíssimo!
Meus abraços,
Wagner Dias



domingo, 26 de maio de 2019

O ZOOLÓGICO DE VARSÓVIA

O zoológico de Varsóvia, de Djane Ackerman. É mais uma intrigante história que tem como mote a segunda guerra mundial, um dos meus temas prediletos. Fiquei sabendo que o livro foi roteirizado e filmado. Ainda não assisti. Contudo essa informação me é interessante porque foi essa a sensação que tive ao ler o livro: "parece um roteiro para cinema", pensei. 

Embora repleto de elementos históricos, muito bem pesquisados e documentados pela autora, falta alguma coisa, na minha modesta concepção, para que o livro se torne atraente. Ele tem passagens lindas, mas se perde literariamente falando. Poderia ser mais provocativo, ir mais a fundo nas emoções como tantos outros livros sobre a segunda guerra. 

Talvez meu momento de leitura não tenha me permitido adentrar essas profundezas. Contudo, livro "toca" ou não. Gosto do tema, gosto das informações, resultados de pesquisas, mas falta um elo mais emocionante entre os elementos pesquisados e a narrativa. Eu me emocionei em alguns pontos, mas acho que poderia ser mais. Sou exigente!

No entanto, para os aficcionados pela literatura sobre a segunda guerra mundial, a leitura é indispensável, pois revela facetas curiosas deste momento tenebroso que poderiam ser desconhecidas se não retratadas no livro. A não ser que fosse realizado um estudo, claro! ;-)

A todos, meus abraços,
Wagner Dias

EPÍSTOLA DE HELOÍSA A ABELARD

Epístola de Heloísa a Abelar, de Alexander Poper. Trata-se de um livro curtíssimo, contendo uma carta de Heloísa a Abelar. Para quem não conhece a história desse casal cujo amor era quase proibido,  na França medieval, recomendo uma consulta rápida ao Google, ou então, sugiro que assistam ao filme Em nome de Deus. 

Sobre o livro, podemos dizer que, mesmo sabendo que a carta não é verdadeira, Poper reconstruiu em suas linhas, emoções, sentimentos, dores que poderiam, de fato, ter pertencido a Heloísa. É uma volta no tempo, a um período em que a igreja católica ditava normas e colocava sob seu julgo a decisão sobre a vida de centenas de indivíduos. 

Há muitas lendas sobre essa história de amor e há quem diga que a mesma não tenha acontecido, ou acontecido de outro modo. Todavia, enquanto leitor, apaixonado por belas histórias, prefiro acreditar que tenha de fato acontecido e me deixar mergulhar nesse manancial de sentimentos que nos permitem ir além de nós mesmos.

A epístola, tão bem construída e tão repleta de vida, nos dá, realmente, a sensação de ter sido escrita por Heloísa. Para mim essa é a graça da literatura: conseguir através de letras, palavras, parágrafos,  nos conduzir a uma viagem para dentro de nós mesmos ou para universos distantes, alguns impossíveis na realidade. 

Para quem conhece a história desse casal apaixonado, ler a epístola de Poper, é como estar diante de uma prova concreta da existência desses personagens e mais, é como nos colocarmos como cúmplices, observadores, admiradores diretos dessa história que, até hoje, comove o mundo.

O cemitério do Père-Lachaise, o maior da cidade de Paris, guarda, entre os túmulos de grandes personalidades,  um túmulo-monumento magnifico, no qual dizem estar repousando Heloísa e Abelard.

Recomendo que vocês se informem sobre a vida desse casal e, se possível assistam ao filme sugerido no primeiro parágrafo, para depois lerem a epístola.

Um grande abraço,
Wagner Dias