Le palais de la fatigue (O palácio da fadiga), Michael Delisle. Hoje venho falar um pouco sobre minhas sensações ao ler esta obra. Mais uma da minha empreitada desbravadora sobre a literatura em língua francesa do Québec. Estas leituras provém da necessidade de treinar o idioma, aliadas ao desejo de conhecer novos estilos e novas possibilidades sensoriais.
Tive sorte nas últimas leituras que, de certo modo, acabam se interconectando pelos seus temas. Em Le palais de la fatigue, deparamo-nos com três narrativas que se ligam através de seus personagens, e que nos permitem refletir sobre as marcas que deixamos no mundo. Na verdade, como as marcas deixadas em nós pelo mundo moldam as marcas que deixamos no mundo! Tudo cíclico! A eterna lei do retorno.
O que nos alimenta, o que nos inspira, o que nos faz avançar, refletir, produzir? É esse o diálogo que fiz com a obra de Delisle. O preço do sonho, o preço das escolhas, o preço de nossa insistência e o preço de nossas desistências. Fiquei pensando como tenho medo do fracasso. Quem não tem? Mas, também, pensei em como podemos driblar o fracasso, nos reerguemos, nos reestruturarmos para dar um passo além.
Uma máquina de escrever, um professor, um urso com a pata machucada... fotografias, viagens... a busca pelo conhecimento... Estes são alguns dos elementos que Delisle utiliza para nos colocar em contato com sua narrativa que, de certo modo, nos induz a pensar em como construir narrativas. Qual é a sua narrativa de vida? O que pode ser feito a partir do capítulo anterior? Como desenhar o futuro? Como redesenhar o passado?
Trata-se de uma leitura aparentemente inofensiva, mas que cutuca com agulha quente a parte mais aberta da nossa ferida existencial. Viver para quê? E, a partir daí, pensar: desistir ou insistir? Pensar a desistência é doloroso. Não gosto das desistências. Até tenho certa afinidade com as reticências, com as pausas... necessárias, mas voto pela retomada dos sonhos, pela luta pelo que se acredita, por quebrar a cara, de verdade, mas com a certeza de ter tentado.
Li em algum lugar essa semana algo como: não tentar é perder a oportunidade de sabermos do que somos capazes. (Não me lembro de onde li, e por isso não consigo aqui citar a autoria.). E, às vezes, nossa força é imensamente maior do que imaginamos. Cada livro nos toca de algum modo. Assim fui tocado pela construção narrativa de Delisle: a desistência é triste. Busquemos a persistência, a insistência, a paciência. E se essa narrativa puder terminar com um pouco de coerência e de decência... melhor!
Agora sigo, retomo do capítulo anterior de minha vida e passo ao seguinte! Certamente, com grandes emoções. A vida que segue, esse é o título!
A todos, meus abraços,
Wagner Dias.