Os óculos de Heidegger, Thaisa Frank. Já é sabido que o tema da
Segunda Guerra Mundial é um dos meus preferidos. Nunca busquei as explicações
para isso. Talvez não seja necessário. Mas leio muito sobre esse assunto, que
me abala e me faz pensar no que a humanidade é capaz de fazer com o seu
semelhante.
Pois bem... Pesquisando livros
sobre a Segunda Guerra, deparei-me com a obra de Thaisa Frank. Li a sinopse e
fiquei extremamente curioso. Comprei o livro! Fascinante, do começo ao fim!
O primeiro destaque é para a
delicadeza e cuidado que a autora tem com o que narra. Os assuntos são muito
bem construídos, encadeados, e nenhum deslize técnico é perceptível. As
personagens são intensas e conseguem nos envolver em suas ações de modo muito
especial e sensível.
É impossível não sentir o perfume
de Elie! É impossível não sentir as emoções vividas pelos escribas na mina em
que vivem. É impossível não se comover imaginando os temas e as frases que
compõem as cartas escritas por judeus aprisionados... Se há alguma
impossibilidade nesse livro, essa impossibilidade se refere a não sentir. É
impossível não sentir!
Frank é genial ao realizar um
jogo de ficção perfeito: une história, filosofia e literatura de modo ímpar!
Impecáveis a abordagem sobre Heidegger e a forma com que o tema da Segunda
Guerra é abordado. Diferentemente de
tantas obras sobre o holocausto, Os
óculos de Heidegger não nos alimenta somente com imagens dos campos de
concentração. Thaisa Frank consegue inovar, criando um cenário verossímil,
forte e mágico, dentro de um tema tão estudado e tão conhecido. Inovar ao falar
desse momento macabro da história da humanidade é uma imensa virtude!
Isso é incrível! Trata-se de
perceber como a criatividade e o equilíbrio narrativo se unem para construir
algo novo e tocante. Ficamos hipnotizados com as minúcias do texto. Virar as
páginas é sempre uma grata surpresa. Deparamo-nos com passagens poéticas,
outras duras, algumas surpreendentes... Uma obra rica, de enredo sublime e
desfecho genial!
Recomendadíssimo!
A todos, meus abraços,
Wagner Dias.