Para dar uma pausa às narrativas de guerra, reli, após mais de dez anos, a obra Vidas secas, do grande escritor Graciliano Ramos. Reler um clássico é sempre um desafio e uma redescoberta. Primeiramente a sensação de saber o que acontecerá. Em um segundo momento, as minúcias e alguns detalhes que em uma primeira leitura passam em branco. Tudo isso se soma à nossa passagem pela vida. Os anos que vagarosamente passam trazem consigo uma série de elementos que modificam nossa visão de mundo e nossa perspectiva sobre as obras lidas. Magnífico! É o que posso dizer de Vidas secas.
Linguagem regionalista, personagens muito bem construídos e toda a saga de um povo - o nordestino - na luta pela vida e contra a seca. Nunca foi tão atual a obra! Imortalizado nas letras de Graciliano ramos, o livro Vidas Secas mexe com nossos sentidos. É de uma pureza ímpar, de uma força gigantesca que nos causa dor, tristeza, alegria, sorrisos e revolta! Sem dúvida, neste livro encontram-se dois dos mais marcantes personagens da literatura brasileira, sob a minha ótica, claro: Fabiano, o bruto homem de poucas palavras que luta pela vida e a doce cadelinha Baleia. Baleia ganha dimensões infindáveis que a tornam um personagem marcante, cativante e quase humano. Se há uma mensagem nesta obra, tal mensagem é a da esperança, ainda que tudo pareça seco, morto, sem vida! Qual o preço do sonho? Porque lutar por um sonho? Porque vale a pena. Vale a pena acreditar que poder-se-á, um dia, dormir em uma cama de couro cru, abandonando a dura e nodulosa cama de varas! É preciso querer.
Em linhas gerais, trata-se de um livro fascinante.
Recomendadíssimo!
Na foto desta postagem, encontram-se ilustrações de Aldemir Martins, feitas especialmente para o livro.
Meus abraços,
Wagner Dias.
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