
Vozes Anoitecidas, do escritor moçambicano Mia Couto.
Ando atrasado com as atualizações de leituras feitas. São muitas frentes de atuação e preciso me organizar para não deixar de dar atenção a todas essas vertentes de discussão sobre a leitura.
Bem... hoje falo das minhas impressões sobre a obra Vozes Anoitecidas. Trata-se de um livro de contos (coletânea de 12 contos) e, ao que parece, a primeira publicação do autor em prosa. Trata-se de uma obra repleta de elementos poéticos e que guarda características profundas de Moçambique, onde os contos parecem se situar.
É preciso se deixar levar pela pureza comunicativa do autor que costura cultura, fantasia, musicalidade. Talvez por ser o escritor também um poeta, seu texto é sensível e permite ver o mundo com lentes diversas.
Sente-se fortemente a presença da influência de Guimarães Rosa na obra de Couto. Há neologismos, repletos de sentidos, que traduzem ideias que dificilmente seriam tratadas com as palavras registradas em dicionários.
O cotidiano, o sonho, o mágico, o transcendente estão fortemente marcados nos contos. Vozes diversas, homens, mulheres e suas histórias, desejos, vivências compõem os temas abordados.
Espere finais que fogem dos clichês. Mia Couto nos surpreende com os desfechos dados aos contos e, em muitos deles, precisamos refletir e criar nosso próprio entendimento.
Sem dúvida, trata-se de um excelente livro que merece ser lido e degustado. Degustado devagar! Não é à toa que Mia Couto é tão reverenciado no Brasil. De certo modo, seus textos nos aproximam. Não apenas por serem escritos em língua portuguesa, mas porque experienciamos dramas também semelhantes em termos de colonização e miscigenação.
Recomendo!
A vocês, meus abraços!
Wagner Dias
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