O ano em que vivi de literatura, Paulo Scott. Tenho certas reticências com literatura contemporânea brasileira. Não tenho encontrado muita coisa no mercado editorial que me agrade. Tudo parece guardar um ranço de repetição estilística, de temas fúteis e sem grande expressividade. Porém, num passeio a uma livraria, meu parque de diversões, me deparei com o título O ano em que vivi de literatura. Achei o título chamativo. Viver de literatura? No Brasil? Viver alimentando-se da construção literária? Viver da leitura durante um ano? Algumas questões que me deixaram curioso. Curiosidade de leitor significa livro na sacola! Comprei!
Não havia lido nada do escritor Paulo Scott até então. Comecei a leitura da obra e fui me prendendo! O livro é visceral: o homem vivendo em plenitude sua humanidade, seja ela intelectual, carnal, mundana, sentimental, familiar... enfim... a vida do homem. O título do livro é inteligentíssimo. Mas não revelarei o porquê desse comentário! ;-) Você vai ler o livro, né?
Gosto muito da forma livre em que a história se constrói. Um texto acessível, sem firulas desnecessárias. Um livro para ser vivido. Leitura forte! Intensa, dura, engraçada em vários momentos! Sinônimos do que somos enquanto homens, artistas, trabalhadores...
Foi uma grata surpresa a descoberta de Paulo Scott. O autor consegue nos colocar diante de nossa própria imagem, situando-nos no mundo e apresentando de que modo a arte revoluciona o pensamento.
Há outros livros do autor no mercado que, agora, preciso ler. Vou à caça de todos! Agradou-me a forma inovadora do texto de Scott. Gosto das obras que me perturbam! Sim, o livro é perturbador quando você enxerga o personagem central em sua profundidade, ou quando você se enxerga no personagem lido!
Não espere uma leitura doce, suave e romantizada da vida. Mas encontre a vida na arte, tão bem delineada pelas frases, pontuações, jogos de palavras que dão à Scott um lugar privilegiado entre autores contemporâneos: Scott traz brisa fresca onde, até então, só encontrávamos o chato e pesado ar cansativo (muitas das vezes piegas) de tantos textos construídos no Brasil e disponibilizados ao grande público.
Ainda há esperança! :-)
Ainda há esperança! :-)
Recomendo!
Meus abraços,
Wagner Dias.
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