terça-feira, 21 de junho de 2016

POETIZANDO AOS 70...

Poetizando aos 70..., de Lúcia Vasconcelos. Para quem acompanha este blog, não é novidade o fato de que faço aqui um diário das leituras que têm me ancorado e ajudado a controlar a minha ansiedade durante o período de construção da minha tese de doutorado. 

Essas leituras, que fogem completamente do que leio para minha formação profissional, conseguem me colocar em um universo outro. E é neste outro universo que surgem minhas reais questões de vida: o que sou, para que vivo, o que quero da vida, por que a literatura me encanta tanto, para que serve... enfim...

E então eu me deparo com uma obra repleta de vida. Uma coletânea de poemas que provavelmente levaram um bom tempo para serem construídos. Um retrato de vida. Trata-se de ver as palavras desenhando o que a alma produz. E fico pensando: o que eu poetizarei aos 70? Estarei ainda neste mundo? O que terei visto? Quais serão as imagens que terei guardado de toda uma vida?

Talvez eu tenha a sorte da poetisa Lúcia Vasconcelos e consiga falar de amor, ou de amores, de saudades, da natureza, dos filhos, netos... Talvez eu queira esquecer o passado e construir caminhos novos. Talvez eu queira o que Elis cantou tão divinamente: "uma casa no campo" para ter a certeza da presença dos amigos do peito e nada mais.

Essas foram algumas das reflexões que o livro de Vasconcelos me proporcionou. As poesias doces, leves, despretensiosas revelam que, de fato, a vida pode ser poesia e, mais que isso: ter 70 é momento para recomeços. E dessa reflexão vem a coragem para mudar. Mudar o hoje, transformar sonhos em realidade. Quem sabe desengavetar aquela ideia há tanto tempo guardada? Quem sabe mudar de cidade, de profissão? Quem sabe ousar e buscar no mundo das sensações e emoções aquilo que a mecanicidade da vida tenta, a todo custo, nos retirar?

São reflexões de um quase quarentão! O que fica do livro aqui retratado? Fica a certeza de que revi o conceito de saudade. Saudade foi o poema que mais me tocou! 

Poetizando aos 70..., além de ser um retrato de vida, constrói, hoje, uma parte da minha história de vida!

Recomendo!

A todos, meus abraços.
Wagner Dias 

quinta-feira, 16 de junho de 2016

O ANO EM QUE VIVI DE LITERATURA

O ano em que vivi de literatura, Paulo Scott. Tenho certas reticências com literatura contemporânea brasileira. Não tenho encontrado muita coisa no mercado editorial que me agrade. Tudo parece guardar um ranço de repetição estilística, de temas fúteis e sem grande expressividade. Porém, num passeio a uma livraria, meu parque de diversões, me deparei com o título O ano em que vivi de literatura. Achei o título chamativo. Viver de literatura? No Brasil? Viver alimentando-se da construção literária? Viver da leitura durante um ano? Algumas questões que me deixaram curioso. Curiosidade de leitor significa livro na sacola! Comprei!

Não havia lido nada do escritor Paulo Scott até então. Comecei a leitura da obra e fui me prendendo! O livro é visceral: o homem vivendo em plenitude sua humanidade, seja ela intelectual, carnal, mundana, sentimental, familiar... enfim... a vida do homem.  O título do livro é inteligentíssimo. Mas não revelarei o porquê desse comentário! ;-) Você vai ler o livro, né? 

Gosto muito da forma livre em que a história se constrói. Um texto acessível, sem firulas desnecessárias. Um livro para ser vivido. Leitura forte! Intensa, dura, engraçada em vários momentos! Sinônimos do que somos enquanto homens, artistas, trabalhadores...

Foi uma grata surpresa a descoberta de Paulo Scott. O autor consegue nos colocar diante de nossa própria imagem, situando-nos no mundo e apresentando de que modo a arte revoluciona o pensamento.

Há outros livros do autor no mercado que, agora, preciso ler. Vou à caça de todos! Agradou-me a forma inovadora do texto de Scott. Gosto das obras que me perturbam! Sim, o livro é perturbador quando você enxerga o personagem central em sua profundidade, ou quando você se enxerga no personagem lido!

Não espere uma leitura doce, suave e romantizada da vida. Mas encontre a vida na arte, tão bem delineada pelas frases, pontuações, jogos de palavras que dão à Scott um lugar privilegiado entre autores contemporâneos: Scott traz brisa fresca onde, até então, só encontrávamos o chato e pesado ar cansativo (muitas das vezes piegas) de tantos textos construídos no Brasil e disponibilizados ao grande público. 

Ainda há esperança! :-)

Recomendo!

Meus abraços,

Wagner Dias.