
A história prende o leitor e, talvez, esta seja uma das habilidades de Tartt. Por mais prolixa que seja a obra, o leitor se vê dependente da leitura, desejando saber qual será o próximo evento, que destino está reservado ao protagonista. Claro que essa prolixidade se torna excessiva no decorrer da narrativa e, confesso, provoca um certo cansaço. Mas a autora mantém sua linha de escrita até o final.
Embora seja um texto delicado, com escrita requintada, eu não o classificaria como um clássico, como foi considerado por alguns críticos. Também não sei o porquê deste livro ter ganho o prêmio Pulitzer. Acho que não é para tanto. Contudo, o que me encantou na obra foi a delicadeza das imagens construídas por Tartt. Não me pareceu um livro de inspiração pura. Pareceu-me uma obra pensada, com roteiro de escrita construído, o que o leitor poderá perceber com o desfecho da obra. Tartt é genuína ao demonstrar com detalhes, conhecimento sobre arte, música, informações que ampliam horizontes para o leitor.
Acho que a logística de construção de Theo Decker, o protagonista, é muito coerente e o final da obra cumpre com o que a narrativa apresenta a cada página virada. Para quem se incomoda com leituras que abordam o submundo das drogas, é preciso que saiba que O Pintassilgo apresenta este universo em minúcias, com uma clareza tão evidente que chegamos a pensar que, ou a autora usou as drogas que aparecem na obra, ou fez um brilhante trabalho de pesquisa para construir seu livro.
A narrativa surpreende. Dona Tartt sabe como dar reviravoltas na história e quando o leitor começa a imaginar um destino, ou desfecho, ela vira o jogo, a mesa, coloca outras cartas na jogada e outra curiosidade se inicia.
É um bom livro. Embora eu não o considere um clássico. Algumas passagens são cinematográficas e parecem ter sido construídas para a lente de uma câmera e não para as páginas de um livro. Isso não desmerece em nada o poder criativo da autora.
Portanto, se você se encorajar a encarar as 719 páginas de O Pintassilgo, no mínimo você viverá fortes emoções!
Meus abraços,
Wagner dias
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