Para sempre Alice, de Lisa Genova. Se há uma palavra que possa definir esta leitura, tal palavra é sensibilidade. Que o livro aborda o Mal de Alzheimer não é nenhum segredo. O que quero dizer é que a forma como a doença é retratada é que nos toca.
O livro é muito bem escrito, numa sequência cronológica que nos apresenta, paulatinamente, o drama de Alice Howland, professora universitária que aos 50 anos de idade, descobre ter a doença já citada.
A autora soube descrever com detalhes toda essa trajetória, através de um texto fluido e direto que está mais interessado em mostrar como é a vida de quem sofre com a doença e a vida de quem circunda esse doente. Tudo isso sem estereótipos e sem a linguagem fria e seca da ciência.
Embora eu tenha lido uma tradução, a forma com que a escrita se constrói nos dá uma pequena prévia do que é não conhecer alguém, do que é saber o que se quer falar e não conseguir articular as palavras. É possível perceber que a perda da consciência, da memória, tende a nos desestabilizar e a nos colocar à margem do mundo.
Trata-se de uma bela reflexão sobre o hoje e o tempo que temos, mais que uma preocupação com o tempo que nos resta. Uma lição de vida. Lição de vida presente! Alice consegue viver cada minuto de sua vida da melhor forma possível, mesmo convivendo com a demência.
É impossível ler este livro sem se comover. Em algumas partes, lendo em voz alta, confesso ter chorado. Tentei me colocar no lugar de Alice e, com essa tentativa, um mundo se desvela. O mundo do viver da melhor forma possível a vida, antes que sejamos surpreendidos pelo passar do tempo ou antes que sejamos acometidos por algum mal.
Li o livro que tem a capa do filme... (Sim, este livro virou filme!). Isso, infelizmente, me irritou muito, pois não tive liberdade de construir imageticamente a minha Alice, com base nas descrições da autora, descrições essas que nada têm a ver com a foto da atriz que interpretou Alice no cinema.
Acho uma falha brutal das editoras publicarem obras literárias com capas de filmes, quando essas capas nos revelam rostos, e detalhes que, enquanto leitores, gostaríamos de descobrir pelas palavras. Vou colocar aqui a foto original do livro, que para mim é muito mais significativa e bela.
Recomendadíssimo!
Meus abraços,
Wagner Dias