"Eu sou o último judeu", de Chil Rajchman. Antes de qualquer palavra: um documento histórico. Um relato minucioso das atrocidades cometidas contra milhares de judeus no campo de extermínio de Treblinka (Polônia), no período de 1942 a 1943. Como já deixei claro em outras postagens, o tema da segunda guerra mundial me atrai de modo peculiar. Como acredito em outras vidas, penso ter ter algum elo com esse período.
Tenho por mania acompanhar as leituras sobre o assunto em foco, sejam elas biografias, textos literários e qualquer informe que me acrescente dados e amplie o meu entendimento do que foi o holocausto. Talvez minha esperança seja, em algum momento, achar um livro, uma frase que me diga: isso não aconteceu! Foi só um pesadelo! Contudo, o horror foi real e o lema de contar, relembrar para que não mais aconteça deve ser diariamente pronunciado.
O livro de Rajchman, em especial, trouxe-me sensações inusitadas. Primeiro pelo detalhe e zelo nas descrições, que permitem ver claramente, toda a dor e todo o pesadelo vivido pelos judeus no campo de extermínio de Treblinka. Campo de extermínio. Pensar nessas palavras pode nos tocar, causar comoção. Ler em detalhes um relato de um sobrevivente, traz à tona o horror, o medo e o pensamento: como o homem pode ser capaz de ser tão atroz em seus crimes motivados pelo desejo de poder?
As passagens desta obra são realmente muito fortes. Confesso que cheguei a sonhar com algumas cenas. Refiro-me especialmente às cenas dos dentistas, que, quem ler a obra, poderá compreender em detalhes o porquê de minha angústia. O livro angustia, mas não se consegue deixar de ler. Acredito ser a atração que os sortilégios da morte (lembrando-me de Consoada, de Manuel Bandeira) provoca. A cada novo capítulo, passamos a torcer para que algo de bom ocorra. Vivemos juntos o drama dos judeus de Treblinka. Derramamos juntos as lágrimas, sentimos a dor das chicotadas, o cheiro de morte.
Mas não se assustem com meu relato. São minhas impressões. O livro é muito bom e recomendo sua leitura. O prefácio é muito elucidativo e, acredito, deve ser lido com atenção. No mais, Eu sou o último judeu, é um relato doloroso e cruel de uma face de nossa história que dificilmente será esquecida!
A todos, meus abraços!
Wagner Dias.