domingo, 21 de dezembro de 2014

MEMÓRIA DE MINHAS PUTAS TRISTES

Ainda em clima de Gabriel García Márquez, passo de Cem anos de solidão a Memória de minhas putas tristes. Incontestável a genialidade do autor e a destreza e habilidade que possui com as palavras para descrever de modo tão sensível a vida, o passar dos anos, a chegada da velhice e a expectativa do fim. 
O livro nos surpreende! Realmente, trata-se de rememorar, mas, ao mesmo tempo, presentificar a vida. É como se a leitura nos servisse de espelho da alma: o que sinto, que idade tenho em meu coração e o que aparento ao mundo? Como sou julgado, como me vejo, como me sinto? Há vida após os noventa? E o amor? Destina-se aos jovens? 
Escrito com uma linguagem clara e precisa, o livro pode ser lido em poucas horas, tamanha a atração que provoca no leitor que fica aguçado e instigado a saber que rumo a história tomará. Repleto de musicalidade, de imagens fortes, de alusões a clássicos da música e da literatura universal, Memória de minhas putas tristes é um relato de um homem de 90 anos que se depara com a necessidade de amar e de viver sem as amarras impostas pela sociedade. Uma belíssima leitura que eu recomendo!
O amor, mesmo advindo das putas tristes, pode ser puro! 
Surpreenda-se!
Meus abraços,
Wagner Dias

sábado, 20 de dezembro de 2014

CEM ANOS DE SOLIDÃO

Qualquer elogio a esta obra será pequeno diante de sua magnitude! Essa é a sensação após vencer as 447 páginas de Cem anos de solidão, do premiado Gabriel García Márquez. A longa saga da família Buendía, escrita brilhantemente, é capaz de levar o leitor do sorriso às lágrimas, do prazer ao medo, da felicidade à angústia. A obra mexe com sua imaginação, suas sensações. Metáforas bem construídas, sarcasmos, ironia, mistério e uma mistura temporal que transformam presente, passado e futuro em um único bloco de realidade mágica são características marcantes desta narrativa. É preciso paciência para vencer as primeiras páginas do livro sem se perder na infinitude de nomes. No entanto, sugiro calma, um papel e um lápis ao lado, para que sua viagem seja facilitada. Esteja disposto a não contestar fatos fantásticos! Encante-se com borboletas amarelas, com rabos de porcos, com mulheres incríveis tecendo mortalhas ou fingindo enxergar diante da inevitável cegueira! Permita-se sentir o perfume de begônias ou de mulheres com odor de fumaça! Permita-se perder em mensagens de pergaminhos ou na leitura de cartas que podem antecipar o futuro, rememorar o passado e tornar vivo o presente. Cem anos de solidão não é uma história para ser lida e deixada na estante. Deve ser revisitada, uma vez que é repleta de detalhes que uma única leitura poderão deixar passar sem que a devida importância lhes seja dada. Cem anos de solidão é um daqueles livros que colocam nossos pés no chão e nos fazem pensar em nossa vida, no tempo, no que fazemos com nosso tempo, com nossos sonhos, com nossas fantasias, com nossos desejos. A obra, confesso, não é de leitura fácil e fluida e apresenta momentos maçantes, mas necessários ao conjunto do texto. Os parágrafos finais são reveladores e muitas das frases do decorrer do livro devem ser anotadas e repensadas cotidianamente. É possível ouvir as músicas, sentir os odores, sabores presentes na narrativa. Fatalmente este livro é um clássico para mim, não por ser aclamado pela crítica, mas por me fazer sentir. Esta busca por sensações é o que me constitui como leitor. Um livro que não me toca, não consigo considerar um bom livro! Dica: experimente, tente, não desista e vença o desafio de começar e terminar esta leitura. Você vai compreender o que é ser transformado, humanizado pelas palavras! 
Meus abraços,
Wagner Dias.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O HOMEM QUE VENCEU AUSCHWITZ

Este é um daqueles livros que não podem deixar de fazer parte de uma biblioteca. Além de uma obra literária bem cuidada e de construções ricas em termos de linguagem, trata-se de um documento vivo, uma história de vida, narrada pelo protagonista, um soldado britânico que após se tornar um prisioneiro de guerra, encontra um meio de trocar de lugar com um judeu e conhecer in locu o drama da luta pela sobrevivência em Auschwitz. Muitos são os livros, ou filmes, que retratam o drama do holocausto. Contudo, esta obra traz um diferencial: apresenta pontos, com riqueza de detalhes, que outras obras não apresentam como, por exemplo, minúcias das batalhas no mar, as ações que não ganharam grandes proporções em termos de divulgação, detalhes da maquinaria de guerra e dos seus envolvidos. Há nos primeiros capítulos, toda uma contextualização histórica que, confesso, me cansou um pouco. Isso se refere aos primeiros cinco capítulos. No entanto, eles são fundamentais para o conjunto da obra e permitem que o final seja revelador e surpreendente. Quando fizer a releitura, certamente dedicarei um pouco mais de carinho a esta parte. Fica minha dica! No entanto, como tenho profundo interesse pelas histórias dos campos de concentração, venci este primeiro momento e, a partir do capítulo seis, encantei-me enormemente com a forma de narrar e com os fatos narrados. O final do livro é comovente, assim como outras partes do mesmo. Porém, o final guarda surpresas que extasiam o leitor. É de arrepiar! Se não soubesse que a trama está toda fundamentada em fatos reais, eu poderia acreditar que se trata de um belo roteiro de filme, digno de grandes prêmios. Amor, dor, perdas, sangue, vida e morte são as tintas que pintam a tela deste livro primoroso. Além de uma interessantíssima aula de história, é possível ver a Segunda Guerra Mundial narrada de outro modo, por olhares outros em situações outras. Recomendadíssimo! 
A todos, meus abraços!