quinta-feira, 4 de junho de 2020

A ARTE DE SER FELIZ


A arte de ser feliz, Cecília Meireles

Nesta postagem, apresento a vocês a minha modesta homenagem a Cecília Meireles, interpretando parte de um de seus textos que mais me comovem: A arte de ser feliz. Espero que assistam ao vídeo e que também se sintam inspirados pela visão poética de mundo dessa grande escritora brasileira.
Abaixo do vídeo, você encontra o texto na íntegra!
Meus abraços,
Wagner Dias




Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope da Vega. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Texto extraído do livro:“Escolha o seu sonho” de Cecília Meireles. 4ª ed., Rio de Janeiro: Global Editora, 2016.

A INSERÇÃO DE ADULTOS NO UNIVERSO DA LITERATURA

Olá!

Hoje venho falar de um tema muito interessante: a inserção de adultos no universo da literatura. Sabemos que muitos professores, pais, adultos em geral têm dificuldades com a leitura e não mantém uma proximidade saudável com os livros. 

Isso acontece por diversos fatores. O importante é que o adulto reconheça o que o impede de ler e, se o desejar, tentar vencer este obstáculo. Só se ensina a importância da leitura para uma criança ou para um jovem, aquele que ama os livros e sabe com ele se relacionar! 

Assim, assista ao vídeo, compartilhe com pessoas que possam se interessar e comentem!



Seus comentários sempre nos ajudam a refletir e a pensar nas próximas postagens!
Vejam a descrição do vídeo e os textos que sugiro como base para que o tema seja aprofundado!

Meus abraços,
Wagner Dias

PRÁTICAS ESCOLARES COM O LIVRO LITERÁRIO

Olá!

Venho apresentar o quinto vídeo da série Leitura! Espero que estejam gostando e visitando os vídeos anteriores. Fiz tudo com muito carinho para ajudá-los a refletir sobre as questões tão sérias e necessárias envolvendo a literatura para crianças e jovens.

Neste vídeo, dou pequenas sugestões de como trabalhar de maneira profícua o texto literário. Tudo parte de minhas experiências enquanto professor e pesquisador. 



Sigam-me no canal e também no Instagram: @wagnertedi

Seus comentários e dúvidas são sempre bem-vindos e eu tento sempre respondê-los o mais rápido possível.

E então, como você trabalha o livro literário com crianças e jovens? Compartilhe conosco suas experiências!

Meus abraços, 
Wagner Dias



A ESCOLHA DO LIVRO LITERÁRIO INFANTIL

Olá!

Neste post abordo um tema de grande importância: a escolha do livro literário para crianças! Quem nunca se perguntou como fazer essa escolha? Como selecionar um bom livro? Que critérios podemos aplicar?

Para você que trabalha com educação, que é pai, mãe, ou que se preocupa com a inserção de suas crianças no universo da literatura, eis aqui uma oportunidade de reflexão. Vamos lá? Aguardo, ansiosamente, sugestões e comentários!



Não se esqueçam de olhar a descrição do vídeo. Lá vocês encontrarão sugestões de leituras complementares! ;-)

Meus abraços!
Wagner Dias

LEITURA: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Olá!

Neste vídeo comento um pouco sobre letramento e alfabetização. Deixo aqui um convite para interagirem comigo a partir das ideias apresentadas!



Não se esqueçam de que em cada descrição dos vídeos, há uma série de artigos que podem ser consultados para aprofundamento dos tremas abordados. 

Um abraço,
Wagner Dias

domingo, 15 de março de 2020

LEITURA: O PRIMEIRO CONTATO COM O LIVRO

Leitura: o primeiro contato com o livro e a influência dos professores da educação infantil e dos anos iniciais de escolarização.



Aqui está o segundo episódio da série Leitura. Como expliquei no primeiro episódio, meus vídeos dessa série têm como objetivo dividir minhas experiências com a literatura, desde meus tempos de estudante, passando pelas marcas da docência e chegando ao meu universo de pesquisador e escritor. 

Não quero com isso parecer prepotente, dizendo que minhas práticas são fenomenais. Não! Muitos dos que agora me leem ou assistem podem ter exemplos muito mais significativos. Contudo, precisamos compartilhar! 

Não esperem uma edição perfeita! Vou cometer falhas relacionadas à oralidade, pois falo de improviso! Espero que vocês façam comentários e que nós possamos intensificar nossos contatos!

Recebam meus abraços,
Wagner Dias.

DAVID COPPERFIELD

David Copperfield, de Charles Dickens. Muitos dos livros citados em aulas durante minha graduação em Letras (isso já faz algum tempo) entraram na minha lista de leituras desejadas. Com o passar do tempo, obras contemporâneas, leituras destinadas às minhas pesquisas e ao trabalho, além dos clássicos fazem parte do meu cotidiano. David Copperfield é um desses clássicos que durante algum tempo ficaram na minha lista de desejos. Consegui, no fim de 2019, concluir essa leitura, mas só agora estou atualizando o blog. 

Então, o que dizer dessa obra? De antemão, podemos compreender a denominação da obra como clássica. De fato, é uma obra que vem atravessando o tempo e deixando suas marcas. E graças aos seus admiradores, ganha essa conotação. O livro se perpetua porque continua emocionando os aventureiros que buscam nas linhas de Dickens algo com o qual se identifiquem. 

Eu diria que sensibilidade define a obra. Personagens, muitíssimo bem construídos, envolvem-nos na atmosfera construída provocando nossas memórias afetivas e despertando nossos mais loucos sentimentos. Os primeiros capítulos, que narram a infância de Copperfield, o personagem principal,  são repletos de pura emoção. Comovemo-nos com os dramas do menino que são recortados por lembranças, sonhos e desejos. No decorrer da trama, vamos percebendo como o homem se transforma e como as marcas do passado definem uma personalidade. 

É uma leitura que exige paciência. No entanto, para se chegar ao paraíso, às vezes precisamos enfrentar agruras. Que agruras? Explico: não é uma leitura fácil e exige paciência para se acompanhar seu ritmo. Falamos de uma obra escrita em uma época em que os leitores se dedicavam à leitura sem as perturbações do mundo contemporâneo. Falamos de um estilo detalhista, intenso, profundo, que demanda vontade e dedicação. 

Para os que concluem a leitura, o resultado é fascinante. Após fechar a última página, passamos ainda algum tempo refletindo sobre os dias em que o livro nos fez companhia e em quantas coisas pensamos sobre a história narrada e sobre nossa própria vida. 

Não falo de minúcias da narrativa para não estragar a surpresa da leitura. Meu diário de bordo mostra, ou ao menos tenta mostrar, minhas sensações a partir das obras que leio e que, pouco a pouco, passam a fazer da minha história. 

Recomendadíssimo!
Meus abraços, 
Wagner Dias